Nuvem Negra
Nuvem Negra (2015) foi uma instalação na exposição “Clouded Lands” do coletivo Food of War, que enfoca a relação entre os conflitos armados e a alimentação dos povos envolvidos. Foi primeiramente montada na feira de arte JustMad em Madri, Espanha, e posteriormente em 2016 no Museu Nacional de Arte Mystetskyi, em Kiev, Ucrânia; também em 2016 para o Gabinete Internacional Permanente para a Paz, em Berlim, Alemanha; em 2017 no Centro de Arte Contemporáneo, em Burgos, Espanha. Esta obra levou em consideração o livro “Vozes de Chernobil: Crônica do futuro” de Svetlana Aleksiévitch, ganhadora do prêmio Nobel de literatura em 2015, que colocou em evidência um novo olhar sobre os fatos ocorridos em 26 de abril de 1986. Uma explosão seguida de incêndio na usina nuclear de Chernobil, Ucrânia – então parte da extinta União Soviética –, provocou uma catástrofe sem precedentes em toda a era nuclear: uma quantidade imensa de partículas radioativas foi lançada na atmosfera da URSS e em boa parte da Europa. Tão grave quanto o acontecimento foi a postura dos governantes e gestores soviéticos que esquivavam-se da verdade e expunham trabalhadores, cientistas e soldados à morte durante os serviços de reparo na usina. “Nuvem Negra” é um comentário sobre a nuvem radiativa que se espalhou principalmente sobre a Bielorrússia. O governo usou semeadura de nuvens para evitar que chovesse em áreas populosas, mas assim sacrificou à radiatividade cerca de 10.000km² do interior da Bielorrússia. Nas décadas seguintes ao acidente, os habitantes da região ainda não tinham como saber quais alimentos estavam contaminados de radiação e quais eram seguros. A instalação era uma nuvem negra em forma de cogumelo atômico, parcialmente feito de algodão doce tingido de negro, do qual o público podia apanhar bocados e consumir. A tensão entre o aspecto terrível da nuvem e seu sabor doce traçava um paralelo com a insegurança alimentar da população da Bielorrússia.