Como Penso Como foi a gastroperformance montada no Sesc Pompéia (2013), e na Casa Electrolux (2015) em São Paulo. A ideia foi criar um projeto de “food experience design” ou gastroperformance, com o intuito de abordar diferentes aspectos da história, literatura, alimentação e cultura brasileira usando diferentes linguagens criativas como música, teatro, cenográfica e recursos multimidiáticos, potencializando a comida como meio expressivo usando diversas disciplinas em um projeto que retrata a identidade brasileira.

A gastroperformance aborda como o homem se relaciona com a comida, seus aspectos, seus instintos e toda sua significação ao longo da história desde os rituais totêmicos ao início do food design, passando pelos banquetes medievais, a simbologia da comida para exercício da fé, até chegar aos dias de hoje, quando se percebe que duas diametralmente opostas realidades são igualmente banais: o fast food e sua antítese, a gastronomia internacionalizada cujos ingredientes e processos estão cada vez mais parecidos e ligados a uma elite que a consome sem refletir. O COMER distante do PENSAR não é o que se espera desta experiência, que propõe uma gastronomia não catequizada, capaz de refletir o mundo de forma autônoma.

Exclusivamente idealizada, espaço, música, utensílios, receitas, poemas, imagens, criam uma experiência única de degustação de nove pratos servidos em cerca de 90 minutos em duas sessões diárias para 30 pessoas cada.

O espetáculo gastronômico se desenvolve em nove cenas e nove pratos, compostos de 60 receitas, que simbolicamente representam aspectos da brasilidade, tais como o sincretismo religioso, o Cinema Novo, o Manifesto Antropófago de 1928, o Tropicalismo, os manuais de boas maneiras e outros tantos conceitos, nesse tabuleiro fresco e inovador. Passeando de forma bem-humorada por alguns dos padrões brasileiros que fundamentaram a cultura nacional, redesenha-se uma proposição para uma possível identidade da gastronomia brasileira sem querer definí-la.

Processos utilizados para a disciplina de design como execução de imagens em 3Ds, moldes, diferentes maneiras de reprodução foram adaptados em elementos dos pratos como na luminária de mandioca crocante; nos papéis comestíveis com diversos sabores a partir da polpa de alimentos e tintas produzidas a partir da redução de alimentos; na renda de graviola; nos textos de chocolate impressos; na cabeça de sardinha em 3D; no chocolate em forma de banana; dentre outros elementos que permitem uma viagem pela História brasileira por meio dessa experiência gastroperformática.